terça-feira, 16 de agosto de 2011

Ruivos

Foi numa manhã de sexta-feira. O gerente a pegou no depósito e a levou para cima, para deixá-la exposta na vitrine da loja.

Assim que ela viu as cortinas de ferro subirem e o dia azul se mostrar lá fora, aquela bicicleta começou a sonhar com os passeios que faria com o menino ou a menina que a ganhasse. Na verdade, preferia que fosse um menino. Afinal eram todos meninos os heróis das lendas que até então ouvira.

Não demorou muito, um guri cheio de sardas nas bochechas começou a namorá-la da calçada. Ele apontava para as rodas e ela fazia brilhar mais os aros; ele mostrava ao pai que a cor (vermelha) combinaria com seus cabelos e ela já ia se imaginando montada por aquele ruivinho.

Mas o pai, em negativa, balançava a cabeça e levava a mão direita ao bolso, a dizer ao filho que não podia, não naquele momento de crise.

E era verdade. Naquele país tropical, poucos eram os que tinham condição de comprar qualquer coisa, até mesmo na promoção, como era o caso daquela bicicleta.

Por isso, ali mesmo na vitrine, ela foi perdendo a cor e o brilho. Só muito tempo depois (a loja inclusive trocara de nome), é que foi vendida. Deram por ela a metade da metade do preço primeiro. E o menino que a ganhou, pelo que se soube, não lhe deu importância nenhuma. Deixou-a esquecida na garagem, junto à caixa de ferramentas do pai.

E dizem que é assim que vive, até hoje, a bicicleta vermelha que sonhava com passeios cheios de aventuras - ela e um pequeno ruivinho, nas tardes quentes, depois que ele chegasse da escola.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

verbo 21

Foram publicados três poemas de minha autoria no verbo 21. Tudo pelo intermédio do Sidnei Schneider.